Archive for February, 2024
ICTP-SAIFR celebra 12 anos aproximando alunos e pesquisadores em Física do mundo inteiro
Instituto sediado no IFT-Unesp, inspirado em centros internacionais de excelência, expande suas atividades a partir de 2025
O ano de 2024 marca o 12º aniversário do Instituto Sul-Americano para Pesquisa Fundamental (ICTP-SAIFR), centro internacional sediado no Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp, em colaboração com a Fapesp e o Centro Internacional de Física Teórica (ICTP). Desde sua criação, o instituto recebeu cerca de 9 mil estudantes e pesquisadores visitantes em mais de 350 escolas, workshops e outras atividades presenciais. Também possui uma programação voltada a tornar a Física mais acessível a diversos segmentos da sociedade. “Seguindo o modelo do ICTP, e com o apoio da Fapesp e Unesp e fontes privadas, conseguimos criar um polo onde alunos e pesquisadores da América do Sul podem interagir diretamente com físicos renomados do mundo inteiro”, destaca Nathan Berkovits, professor do IFT e diretor do ICTP-SAIFR.
Para celebrar a efeméride, o instituto realizou, dos dias 18 a 20 de fevereiro, um simpósio com cientistas de diversas partes do mundo, que incluiu palestras para os públicos geral e especializado, bem como discussões sobre centros de Física e a próxima fase do ICTP-SAIFR, com a expansão das suas atividades a partir de 2025.
A vice-reitora da Unesp, Maysa Furlan, iniciou a cerimônia de abertura enfatizando como o ICTP-SAIFR é primordial para “a internacionalização da universidade”, definido por ela como um “processo transformador”, e ressaltou o “conhecimento qualificado” gerado pelo instituto e registrado em publicações científicas. Na sequência, o presidente da Fapesp, Marco Antonio Zago, afirmou que é objetivo da agência fazer do ICTP-SAIFR “o mais importante hub de Física na América Latina”. Ele também reiterou a determinação do órgão em “apoiar fortemente o SAIFR, expandir seu cronograma anual de reuniões e seminários, bem como criar um novo formato para juntar cientistas para discutir e propor soluções às temáticas que são centrais” para o instituto.
Os 12 anos do ICTP-SAIFR coincidem com os 60 anos do ICTP, fundado em Trieste (Itália) por Abdul Salam, físico paquistanês laureado com o Nobel em 1979. “A ideia original do ICTP era realmente criar um centro internacional de ciência, onde pesquisadores de todo o mundo pudessem se reunir para ajudar a tornar a ciência globalmente disponível e superar as barreiras de gênero e etnia”, e também geográficas e econômicas, explica Atish Dabholkar, diretor do ICTP. Nesse sentido, o ICTP-SAIFR – o primeiro dos atuais quatro institutos regionais parceiros do ICTP – reproduz localmente, na América do Sul, o que o ICTP realiza globalmente.
A presença do ICTP no Brasil, especificamente em São Paulo, “cria um ambiente internacional imprescindível para que nós possamos desenvolver conhecimento”, afirma Vahan Agopyan, secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação. “No mundo globalizado, os centros de pesquisa e desenvolvimento necessariamente têm que ser internacionalizados. Para fazer essa internacionalização, não basta apenas a mobilidade dos alunos ou dos professores”, diz o secretário. “Nós temos que trazer as instituições do exterior para trabalhar aqui junto conosco”.
O ICTP-SAIFR também “tem tido um papel importante na Física brasileira” na visão de Rodrigo Capaz, professor da UFRJ e presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), devido à “realização de eventos, seminários, escolas” para pesquisadores, além das atividades para público geral e outras ligadas ao ensino de Física. Ele também menciona as missões complementares entre ambas as instituições, que “podem trabalhar juntas numa grande variedade de agendas”.
O modelo de funcionamento do ICTP-SAIFR é inspirado no de outros centros internacionais de excelência, como o Instituto Kavli de Física Teórica (KITP), nos EUA. David Gross, prêmio Nobel de Física de 2004 e ex-diretor do KITP, aponta pelo menos três razões para o sucesso de institutos como o ICTP-SAIFR. A primeira é que cientistas “amam se encontrar e conversar”: “Nós temos tempo para trocar ideias, explicar o que estamos fazendo, discutir com nossos colegas. Essa é a melhor forma de fazer ciência teórica”.
A segunda razão é que esses centros conseguem juntar “pessoas de diferentes campos – o que não é fácil de fazer em universidades tradicionais com departamentos – e isso pode transformar campos, que aprendem de outros campos, e muitas vezes criar novos campos”, indica David Gross. A terceira é que, para jovens pesquisadores, esses institutos são um “ótimo ambiente de treinamento” por expô-los a diversas atividades em suas próprias áreas e, ainda mais importante, em outras que não dominam.
A seleção dos eventos realizados pelo instituto é uma das responsabilidades do seu Conselho Científico, formado na maior parte por pesquisadores externos ao instituto, de diferentes países. Para André de Gouvêa, da Universidade Northwestern (EUA) e membro do conselho, isso respalda e aumenta a respeitabilidade do ICTP-SAIFR, na medida em que essas pessoas estão interessadas no sucesso do instituto, mas sem se envolver com a sua gestão. Ele acrescenta que o grupo é composto por especialistas de diferentes áreas, o que colabora para o surgimento de “ideias novas o tempo todo”.
O também membro do Conselho Científico e pesquisador do Instituto Perimeter (Canadá), Luis Lehner, reforça que, além dos eventos de pesquisa, o ICTP-SAIFR vem promovendo ações de divulgação científica, como atividades para professores e estudantes do Ensino Médio baseadas em material produzido pelo Perimeter e traduzido para português e espanhol pelo ICTP-SAIFR. O pesquisador acredita que esta é “uma forma de realmente fortalecer a visão de que a ciência, e a Física em particular, é muito democrática e só podemos melhorar tentando envolver todos os níveis da sociedade”. Outras ações incluem exibições e debates de filmes com temas relacionados à ciência e palestras de pesquisadores renomados voltadas ao público geral.
Na nova fase do ICTP-SAIFR, a partir de 2025, suas atividades serão expandidas para incluir programas de longa duração nas áreas de Física da Vida, Física Fundamental e Sistemas Quânticos/Inteligência Artificial. “Planejamos iniciar programas semelhantes aos do KITP com especialistas convidados e muito tempo para discussão, que estimulem colaborações entre pesquisadores locais e os cientistas visitantes”, anuncia Nathan Berkovits, diretor do ICTP-SAIFR.
Felipe Saldanha é coordenador de comunicação e jornalista de ciência do ICTP-SAIFR com bolsa Fapesp. Colaboraram Ana Luiza Sério e Celina Lerner (ICTP-SAIFR).
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Assista ao vídeo com os melhores momentos do simpósio do 12º aniversário do ICTP-SAIFR:
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