Ciência exata contra doenças

Written by Ricardo Aguiar on December 17th, 2014. Posted in Blog do ICTP-SAIFR

Dois mini-cursos mostrarão como matemática e física podem ajudar no controle de males

Quando falamos em doenças, logo pensamos em vírus, bactérias, e no que a medicina pode fazer para conter os patógenos. Raramente pensamos, entretanto, em como a física e a matemática podem ajudar. Em janeiro, o ICTP-SAIFR realizará dois minicursos para tratar desses e de outros assuntos. A “Escola de Dinâmica de Patógenos, Mudanças Climáticas e Globais” e a “IV Escola de Biologia Matemática” abordarão modelos matemáticos de ecologia, epidemiologia e como a interferência humana e do clima se relacionam com as doenças.

Parasitismo

“Perguntaremos aos alunos quais problemas lhes interessam mais e os dividiremos em grupos para trabalharem nesses problemas”, diz Graciela Canziani, da Universidade Nacional Del Centro, da Argentina, uma das organizadoras do minicurso com enfoque em patógenos. “Essa experiência prática fará com que entendam o processo de modelagem matemática, desde a análise de dados até a discussão de resultados”.

Esse curso terá outros convidados internacionais, como Andy Dobson (Universidade de Princeton), Giulio De Leo (Universidade de Stanford) e Mercedes Pascual (Universidade de Michigan).

Ostertagia-ostertagi

O parasita Ostertagia ostertagi

Compreender como o ecossistema e o clima influenciam o ciclo de vida de um patógeno pode levar a melhorias no tratamento de doenças. Canziani, por exemplo, discutirá o parasita bovino Ostertagia ostertagi, responsável por grandes perdas na produção de carne. “Com modelos matemáticos, tentamos reduzir a frequência de aplicação de drogas e torná-las mais eficientes”, afirma.

Biologia Matemática

Já o minicurso sobre Biologia Matemática abordará temas ligados tanto à ecologia quanto à epidemiologia. O curso será introdutório e interdisciplinar: cerca de metade dos alunos serão biólogos enquanto a outra metade, físicos ou matemáticos.

“O que determina uma epidemia?”, questiona Roberto Kraenkel, um dos organizadores do minicurso. “Analisamos taxa de infectividade do patógeno, probabilidade de transmissão, duração da doença, entre outros fatores, para tentar chegar a uma conclusão”.

Anopheles albimanus

Kraenkel estuda, por exemplo, a dinâmica de populações dos mosquitos transmissores da malária, o Anopheles sp. (foto), e sua interação com humanos

Trabalhos nessa área podem ajudar na elaboração de estratégias contra doenças e epidemias, analisando, por exemplo, as melhores formas de combate e a melhor época para aplicá-las.

*Texto publicado no Jornal da Unesp, número 306, Dezembro/2014.